Após a vitória do Corinthians sobre o Guarani na estreia do Paulistão, o presidente Augusto Melo falou com a imprensa na Neo Química Arena. O triunfo, porém, ficou em segundo plano após o episódio da saída de Lucas Veríssimo.

No último sábado, o Meu Timão trouxe em primeira mão que o zagueiro, de 28 anos, acertou sua ida ao futebol do Catar, na véspera da estreia da equipe no Campeonato Paulista. O jogador, inclusive, sequer participou do treino aberto realizado na Fazendinha. De acordo com o mandatário do Corinthians, a negociação ficou estagnada devido à demora do atleta e dos seus representantes para responderem à proposta.

"O jogador estava contratado, faltava só ele assinar. Ficou enrolando todo esse tempo para assinar, não assinou, veio uma proposta, não vamos dobrar o salário dele, não vamos pagar um milhão de euros a mais, (já) que o nosso contrato com eles era de oito milhões (de euros). Olha só o que nós estávamos fazendo: oito milhões, porque o atleta interessava para a gente, é um atleta que nós o colocamos na Seleção Brasileira. É um atleta que se recuperou muito bem, se encaixou muito bem, só que agora nós não vamos fazer leilão, é da forma que nós queremos daqui pra frente, da forma que o Corinthians precisa", iniciou em entrevista na zona mista, citando erroneamente um retorno do atleta à Seleção Brasileira.

Veríssimo estava emprestado pelo Benfica, de Portugal, até metade de 2024. O Timão já havia alinhado com o clube português as formas de pagamento para ter o jogador em definitivo, em uma operação que custaria cerca de R$ 40 milhões. Uma proposta foi enviada ao estafe do atleta há pouco mais de duas semanas, mas não houve uma definição do negócio. Augusto criticou o acordo, que foi feito ainda na gestão do ex-presidente Duilio Monteiro Alves, em 2023.

"Tentamos consertar um contrato que foi feito da gestão passada, que é o que eu estava falando. O Corinthians não vai servir mais intermediário para ninguém. Se quiser, daqui para frente o atleta vem com passe estipulado, não importa o valor, mas ele vem com passe estipulado. Se não vier dessa forma não fica mais no Corinthians. Nós tentamos de uma certa forma consertar esse contrato, que foi mal-feito, o jogador veio lesionado, colocamos ele na vitrine. É um bom jogador, e aí vai embora de graça. Acabou isso, eu não vou aceitar isso mais. A pressão é grande, vocês não têm ideia do que eu estou sofrendo de pressão, mas vamos segurar, o Corinthians mudou. Quer assim, quer; não quer", complementou.

O mandatário ainda foi questionado se a situação com Veríssimo poderia ter sido evitada se o clube já tivesse um executivo de futebol, promessa feita durante a sua campanha. Augusto declarou que não vê a saída do atleta como um erro do Corinthians e reforçou que tem uma boa relação com o Benfica.

"Independente de executivos, não foi falha nossa. A gente tem uma relação muito boa, tanto que nós temos lá um crédito de dois milhões de euros. Para você ter uma ideia, nós temos uma entrada lá de dois milhões de euros que tá vencendo agora, então não tem ingenuidade, eu acho que é uma relação comercial muito bacana, que não vai ter mais ponte daqui pra frente, não mais da forma que o Corinthians quer", iniciou.

"Pode ser que até nós tenhamos errado da seguinte forma: esperar assinar o contrato. Só que é o que eu falei: há uma relação comercial tão boa que nós temos um crédito lá e tava tudo certo, 8 milhões de euros. Eles propuseram o valor, aceitamos os 8 milhões, chegamos num acordo. Deu um probleminha numa cláusula, foi arrumado, faltava só o atleta assinar, só que (ele) ficou enrolando dez dias. E não vai mais enrolar aqui, acabou, chega. Aqui é o Corinthians", finalizou Augusto.

Por fim, o presidente ainda falou que o Corinthians tinha condições de cobrir a oferta do Catar, mas optou por não fazer. Ele também lamentou o uso de uma vaga para Veríssimo na lista de inscrição do Paulista. O clube alvinegro terá uma vaga a menos para inscrição no Campeonato Paulista, já que o zagueiro estava na Lista A para a competição, que pode contar com até 26 atletas na primeira fase. A alteração, portanto, só poderá ser feita para um eventual mata-mata.

"Eu posso cobrir a proposta (do time do Catar). O atleta tem contrato até junho, tanto que ele foi inscrito no Campeonato Paulista. Olha só o problema que ele nos causaram, perdemos uma vaga nessa primeira fase que poderia ter sido mais claro. 'Poxa, não vou ficar, tem uma proposta. Vocês cobrem?' Nós temos o dinheiro de cobrir, mas eu não vou. 9 milhões (de euros), mas o dobro de salário? Não vou fazer isso", finalizou Augusto.

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