Ex-diretor admite cláusula e revela causa de atraso que deixou Rojas sair de graça do Corinthians
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Por Pedro Mairton
Ex-diretor de futebol do Corinthians, Rubão admitiu ter aceitado uma cláusula que deixou o meia Matías Rojas sair de graça do Corinthians. O argentino estava há cerca de seis meses sem receber o acordo de direitos de imagem do clube alvinegro e o estafe dele ameaçou rescindir o contrato. A solução da nova diretoria do Timão, encabeçada por Rubão e Augusto Melo, foi se comprometer em pagar o atleta sem novos atrasos, o que acabou não acontecendo.
“Nós pegamos o contrato do Matias Rojas em 28 de dezembro e recebi uma mensagem do Rafael, que é procurador dele, dizendo: ‘estamos tentando fazer uma negociação com o Corinthians, que está devendo tantos meses e já posso rescindir o contrato’. Falei que não podia fazer nada, porque entro só no dia 2 de janeiro. No dia 3 de janeiro eu liguei pra ele, nesse intervalo fui conversando com o Rojas no CT, chamei ele e falei que a situação é essa, que estamos assumindo agora, para dar uma credibilidade para a gente", disse Rubão, possivelmente trocando novembro por dezembro - o clube não treinou entre 28 de dezembro e 3 de janeiro, o que impediria ele de conversar com Rojas no CT.
"Mas aí ele falou que estava sem receber por seis meses, não lembro quanto tempo certo era. Enfim, ele pegou e aceitou e colocou uma condição: aceitou parcelar o valor que tem que pagar à vista, desde que colocassem no contrato ‘se vocês atrasarem alguma prestação, eu vou embora’. Só que tudo isso o Augusto (Melo) estava junto, ele sabia disso”, admitiu Rubão em entrevista para o programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, no último domingo.
O motivo do não pagamento de Rojas também foi revelado por Rubão. Segundo o ex-diretor, o clube alvinegro priorizou pagar as multas rescisórias da demissão de Mano Menezes e da contratação de António Oliveira em vez de quitar as pendências com o meia.
“Nós aceitamos a cláusula, ele falou (Augusto) que o Rojas ia se surpreender com a nova gestão, porque íamos cumprir o que prometemos, falou que podia colocar a cláusula que ia pagar. Então, tinha dinheiro (para pagar), mas tinha um problema. Não lembro se era pra pagar a multa do Mano (Menezes) ou o António (Oliveira). Tinha que pagar a multa dos dois, e esse dinheiro foi usado pra pagar isso aí, com a autorização do presidente, que chegou no financeiro e falou assim: ‘vamos pagar isso que depois tenho tantos dias pra arrumar o dinheiro do Rojas’. Não tinha vencido, estava em Maringá, o procurador dele me ligou e falou: ‘vocês não pagaram o Rojas’. Falei com o financeiro, eles falaram que o presidente não mandou pagar, pra pagar o António e o Mano. Falei pra adiantar as duas parcelas e tal dia pagar as duas. Só que aí não deu certo”, revelou.
A cláusula incluída no contrato de Rojas no Corinthians foi revelada pelo presidente Augusto Melo no início de março de 2024. No entanto, o mandatário não admitiu ter sido ele próprio um dos responsáveis pelo novo acordo, conforme apontou Rubão.
Briga judicial
Rojas segue com contrato com o Corinthians até junho de 2027, mas conseguiu uma liberação na Fifa para poder assinar com o Inter Miami, da MLS, time do argentino Lionel Messi, onde já estreou e marcou gols.
O jogador ainda cobrou cerca de R$ 40 milhões do Corinthians na Fifa, valor referente aos salários, direitos de imagem e outros encargos financeiros que teria a receber até o final do contrato. Ambas as partes, entretanto, podem negociar um novo acordo extrajudicial enquanto o caso não é julgado pela entidade máxima do futebol.
Quando foi anunciado pelo novo clube, Rojas afirmou que tudo estava resolvido com o Corinthians, fato negado por Rozallah Santoro, diretor financeiro do Timão.